(UFRR)
A obra romanesca de José de Alencar introduziu na literatura brasileira quatro tipos de romances: indianista, histórico, urbano e regional. Desses quatro tipos, os que tiveram sua vida prolongada, de forma mais clara e intensa, até o Modernismo, ainda que modificados, foram: Indianista e histórico; Histórico e urbano; Urbano e regional; Regional e indianista; Indianista e urbano. Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda.
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
(Álvares de Azevedo)
A característica do Romantismo mais evidente desta quadra é: o espiritualismo.
o pessimismo. a idealização da mulher. o confessionalismo. a presença do sonho. Minhalma é triste como a rola aflita
Que o bosque acorda desde o albor da aurora,
E em doce arrulo que o soluço imita
O morto esposo gemedora chora.
(Casimiro de Abreu)
A estrofe apresentada revela uma situação caracteristicamente romântica. Aponte-a. A natureza agride o poeta: neste mundo, não há amparo para os desenganos amorosos. A beleza do mundo não é suficiente para mitigar a solidão do poeta. A morte, impregnando todos os seres e coisas, tira do poeta a alegria de viver. O poeta recusa valer-se da natureza, que só lhe traz a sensação da morte. O poeta atribui ao mundo exterior estados de espírito que o envolvem. (FUVEST) "O indianismo dos românticos [...] denota tendência para particularizar os grandes temas, as grandes atitudes de que se nutria a literatura ocidental, inserindo-as na realidade local, tratando-as como próprias de uma tradição brasileira."
(Antonio Candido, Formação da Literatura Brasileira)
Considerando-se o texto acima, pode-se dizer que o indianismo, na literatura romântica brasileira: procurou ser uma cópia dos modelos europeus. adaptou a realidade brasileira aos modelos europeus. ignorou a literatura ocidental para valorizar a tradição brasileira. deformou a tradição brasileira para adaptá-la à literatura ocidental. procurou adaptar os modelos europeus à realidade local. (FUVEST)
Cantei o monge, porque ele é escravo, não da cruz, mas do arbítrio de outro homem.
Cantei o monge, porque não há ninguém que se ocupe de cantá-lo.
E por isso que cantei o monge, cantei também a morte.
É ela o epílogo mais belo de sua vida: e seu único triunfo.
O autor do trecho acima é um poeta da segunda geração romântica brasileira. Pelo fato de não utilizar frequentemente um tipo de linguagem própria da geração em que se encaixa, oscila, muitas vezes, entre a tradição clássica e o pessimismo. Trata-se de:
Gonçalves de Magalhães. Castro Alves. Junqueira Freire. Gonçalves Dias. Casimiro de Abreu. Gonçalves de Magalhães. Era um sonho dantesco... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
(Castro Alves)
Aponte a alternativa que não se aplica ao texto: O sonho dantesco a que se refere o poeta compõe-se de figuras humanas, os escravos. Sonho dantesco remete às cenas horríveis do "Inferno", descritas na Divina Comédia, de Dante Alighieri. O sonho dantesco expressa a indignação do eu-lírico diante do desajuste opressor/oprimido da sociedade brasileira do século XIX. A expressão sonho dantesco conota a recusa em admitir que o que se via era real. O sonho dantesco é o resultado da inadaptação do poeta ao mundo, devido a seus conflitos exclusivamente interiores. Leia atentamente o texto abaixo
Ontem plena liberdade...
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade!
Nem são livres pra... morrer!
Prende-os a mesma corrente
Férrea, lúgubre serpente
Nas roscas da escravidão...
(...)
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Sobre esse texto, não é correto afirmar que: mostra o traço romântico do inconformismo. dá tratamento eloquente à linguagem para tratar do tema da escravidão. pode ser identificado com a poesia abolicionista de Castro Alves. pelo tema que explora classifica-se na corrente social da poesia romântica. traduz o pessimismo e o egocentrismo do poeta romântico diante da impossibilidade de mudar o mundo. (FUVEST)
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.
Vós, que o templo das idéias
Largo - abris às multidões,
P'ra o batismo luminoso
Das grandes revoluções,
Agora que o trem de ferro
Acorda o tigre no cerro
E espanta os caboclos nus,
Fazei desse "rei dos ventos"
Ginete dos pensamentos,
Arauto da grande luz!...
(Castro Alves)
O tratamento dado aos temas do livro e do trem de ferro, nesses versos de "O livro e a América", permite afirmar corretamente que, no contexto de Espumas Flutuantes, o poeta romântico assume o ideal do progresso, abandonando as preocupações com a História. o entusiasmo pelo progresso técnico e cultural determina a superação do encantamento pela natureza. o entusiasmo pelo progresso cultural se contrapõe ao temor do progresso técnico, que agride a natureza. o poeta romântico se abre ao progresso e à técnica, em que não vê incompatibilidade com os ciclos naturais. o poeta romântico propõe que literatura e natureza somem forças contra a invasão do progresso técnico. (FUVEST)
LEITO DAS FOLHAS VERDES
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração. movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.
Eu sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.
Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!
A flor que desabrocha ao romper d'alva
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Eu sou aquela flor que espero ainda
Doce raio do sol que me dê vida.
(Gonçalves Dias)
Assinale a alternativa correta com relação ao texto. Principalmente pela manifestação de elementos simbólicos, tais como "luar", "vales", "bosque" e "perfumes", pode-se dizer que o poema muito se aproxima da estética simbolista. O poema romântico indianista recupera as antigas cantigas de amigo medievais, para expressar o amor por meio da espera. O poema de Gonçalves Dias demonstra profunda influência renascentista, recebida principalmente de Camões. Apesar da intensa presença da natureza, o poema em questão já se aproxima do Parnasianismo, pela presença dos elementos mitológicos. Mesmo sendo romântico, notam-se ainda no poema os aspectos marcantes do Arcadismo, principalmente no que diz respeito ao bucolismo.
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